Boa leitura!!!
“MAS AS CRIANÇAS GOSTAM!” OU, SOBRE GOSTOS E
REPERTÓRIOS MUSICAIS.
OSTETTO, Luciana Esmeralda - UFSC
GT: Educação da criança de 0 a 6 anos
/n.07
Agência Financiadora: CAPES/PICDT
Música
sertaneja e músicas da Xuxa na educação infantil? As crianças gostam! – dizem
os educadores e, a tomar por certo o velho ditado popular, gosto não se
discute! Não mesmo? O presente ensaio
atenta para a discussão do aparentemente indiscutível: os gostos e os
repertórios musicais que, presentes no cotidiano educativo, dizem da sociedade
e das culturas. Mais do que afirmar ou combater padrões musicais, qualificando
ou desqualificando diferentes produções, estabelecendo limites para a boa
música (que poderia ou deveria ser ouvida e cultivada nos espaços de educação
infantil), o texto se desenvolve no traçado de pontos alinhavados sobre o fato
de que atrás de um gosto há sempre um sujeito, uma história, práticas
culturais.
Ao
mesmo tempo, ao falar de gostos e repertórios musicais explicita, de alguma
forma, perguntas, preocupações e intrigas em torno da formação
artístico-cultural dos professores que atuam na educação infantil - meu
interesse de pesquisa. É preciso assinalar que os aspectos abordados neste
ensaio foram provocados e alimentados pelo contato, recente, com textos e temas
da antropologia, perpassando e envolvendo as noções de culturas, alteridade,
práticas interculturais, histórias de vida. Já provocada, recolho lembranças,
vozes, memórias que me ajudam a estabelecer um início para a trama de gostos.
Qual é a música?
Das cantigas na lembrança
Trago
ainda na lembrança as rodas da minha infância. Rodas cantadas. Cantigas de
roda. Minha meninice foi povoada de rodas e cantigas: dos tempos do
pré-primário - no “Jardim das freiras”, até os anos do primário - no Grupo
Escolar Abílio César Borges. Em diferentes espaços, no pátio da escola, na rua
em frente de casa, na pracinha da cidade, entre alegrias e tristezas, foram
muitas as brincadeiras e inúmeras as rodas, das quais trago comigo, mais que a
lembrança, um gosto.
Revivo, na narração, o prazer em
rodar, mãos dadas com outras tantas crianças, no ritmo da cantiga, tantas
vozes, movimentos sincronizados, configurando um gestual, uma leve coreografia.
Estou lá, na minha cidadezinha, numa roda com outras crianças, a cantar... “Oh!
Menina tão galante que convida pra dançar/Vamos juntos neste instante dar a
volta alegre estar/Oh! Que delícia saber dançar/ Oh! Que delícia do lindo mar”.
Tanto tempo faz... Fui menina nos
anos 60! Hoje, na cidade grande, fico
pensando que aquelas vivências, nos embalos das cantigas de roda, marcaram
certo gosto que me leva à apreciação da música e da dança - movimento, ritmo,
cadência, melodia, poesia. Talvez sim, talvez não, mas, com certeza, um gosto
ficou em mim, pois sigo cantando e saboreando as cantigas, curiosa de toda
música brasileira, que descubro exuberante e múltipla.
Naquele contexto, de cidadezinha do
interior catarinense, tinha meu pai que ouvia rádio (o único que tínhamos em
casa) e que adorava uma boa cantoria. Era juntar um grupo de amigos, no bar da
praça, nas festas do padroeiro São Marcos, nas festas de casamento, que logo
saía uma cantoria italiana, com muitas vozes a entoarem canções que, no passar
do tempo, nós crianças íamos assimilando e cantando também, muitas vezes sem
compreender ou pronunciar corretamente aquele italiano dialetal.
A missa! Não posso esquecer da missa e de seus cânticos! E as procissões?
Eram especiais para mim, principalmente a que acontecia na sexta-feira da
paixão, com seus cantos tristes e melancólicos, que ecoavam de um coro de vozes
femininas, melodiosas, às vezes em cânone. Como eram lindos aqueles cânticos!
Eu seguia atrás da procissão, querendo aprender (e cantar) aqueles cantos, que
só o sabiam as mulheres-senhoras pertencentes ao coro.
Já adolescente, a pracinha da cidade tornou-se palco de outras rodas:
para cantar, ao redor do violão, em grupo. No prazer de cantar, fui entrando em
contato com músicas de todo tipo: das baladas românticas e da chamada música
brega, passando pela música caipira e regional, até as composições da jovem
guarda, bossa nova e MPB, sem esquecer o bom e velho samba e as italianíssimas.
Músicas, enfim, que incluíam duplas tradicionais, como Tonico & Tinoco,
Pena Branca & Xavantinho; Roberto e Erasmo; Chico Buarque, Vinícius e seus
parceirinhos; Cartola, Adoniran, Paulinho da Viola; Sá & Guarabira, Zé
Rodrix, Benito Di Paula; Zé Ramalho, Fagner, Sivuca, Luiz Gonzaga. No sabor das
rodas de violão, numa miscelânea de ritmos e gêneros, fui ampliando meu
repertório e ganhando possibilidades de ampliar meu gosto.
Minha mãe também gostava de música.
Lembro que foi dela a iniciativa de comprar um “aparelho de som” para a casa
que, até então, só contava com o “toca-discos” da minha irmã mais velha. E
tornou-se quase um ritual: ao final do mês, quando recebia seu salário,
comprava um disco – às vezes da sua preferência, às vezes do agrado dos filhos,
atendendo nossos pedidos. Identifico aqui também um caminho percorrido para a
apreciação musical: para além de qualquer adjetivo, boa ou ruim, eu ouvia
música.
Música
popular brasileira, que podia ser tocada e acompanhada ao violão, juntando as
pessoas numa roda, tornou-se meu gosto maior. Quando pode, minha mãe comprou-me
um violão: estava entrando na universidade, indo morar na capital, com meus
dezoito anos. Cheguei a aprender rudimentos do instrumento, mas logo deixei de
tocar e apenas conservei meu gosto pela música que através dele poderia ser
cantada e compartilhada.
Neste caminho, com o ouvido já provocado, fui conhecendo mais
compositores e intérpretes do passado, como Noel Rosa, Pixinguinha, Ataulfo
Alves, Lupicínio Rodrigues, Lamartine Babo, Ary Barroso, Ismael Silva, Assis
Valente, Zé Kéti, João do Vale, entre outros. Onde e como? Através de uma
coleção de fascículos lançada pela Abril Cultural, vendida nas bancas de
revistas. Essencial da coleção: acompanhava um disco com as principais músicas
daqueles compositores. Maravilhoso!
No espaço universitário, na interação com um universo imenso de
tendências, fui construindo ou aprofundando vivências, de conhecimento e
fruição de obras e autores. Vou sabendo mais da tropicália, desperto para as
composições de Caetano, ouço mais João Gilberto, Vinicius e Toquinho, Carlos
Lyra, Tom Jobim, Vandré, Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes, Djavan,
Rita Lee, Nara Leão, Gal, Elis, Luiz Melodia, Tom Zé, Jorge Mautner, Arrigo Barnabé,
Itamar Assunção e não acaba mais!
Nos tempos de universidade, também meus primeiros shows: que emoção ouvir
ao vivo Eliseth Cardoso, a divina. Através do “Projeto Pixinguinha” (uma
iniciativa, parece-me, do Ministério da Cultura, anos 80), tornava-se possível
que vozes consagradas fossem ouvidas em diferentes cantos do Brasil. Que belo
programa cultural! O projeto acabou, não sei quando, não importa... Restam
minhas lembranças e o efeito provocado em mim, pelas vozes ouvidas. Fundamental
ter vivido!
Lembranças, vozes, memórias... Narrações que revelam reminiscências de
minha vida e traçam um começo, um ponto de partida para uma reflexão, um ensaio
sobre gosto, produção cultural, práticas educativas, vivências musicais como
criação e expressões de cultura. Ao mesmo tempo em que me ajudam a estabelecer
um começo para o texto pretendido, as lembranças/memórias daquela vida vivida,
como substrato do que me constitui hoje são, também, as referências do lugar de
onde falo e constituo meu discurso em torno da música e do gosto musical, na
sociedade em geral e na educação infantil, em particular.
Das aulas de antropologia: puxando fios, identificando pistas
As pistas que me levaram a
identificar elementos para compor esta trama foram sinalizadas durante a
disciplina de antropologia, que cursei no segundo semestre de 2002[1].
A partir das leituras e através dos debates que realizávamos, muitos fios foram
puxados. Foi principalmente no emaranhado de fios que envolviam a noção de
cultura que cresceram minhas indagações a respeito de um determinado tipo de
música, considerado por mim e outros colegas como “música ruim”, de “baixo
nível” (da qual seriam representantes as duplas sertanejas como Chitãozinho e
Xororó, alguns grupos de pagode, de axé, e outros do gênero Tcham).
Apreendendo as primeiras
lições da antropologia, através de um olhar que se abria para a visão e
compreensão da diferença, das culturas enfim, de um olhar iluminado pelos temas
que se faziam conhecer no curso, uma afirmativa como essa, uma classificação de
“música ruim” não passaria assim, simplesmente, sem gerar polêmica e questionamento.
Afinal, quem pode dizer que uma música é ruim, apelativa, comercial, de baixo
nível? Quem determina o que é a boa música? Por que determinados grupos sociais
gostam ou preferem determinado tipo de música? De outro modo, é possível dizer
que os grupos que cantam e dançam as músicas do Tcham (e afins) identificam-se
com seu conteúdo, por fazer parte do seu contexto, de sua realidade?
Inúmeras e de complexas
respostas são as perguntas já formuladas. Outras mais podem ser esboçadas,
quando trazemos para o centro da discussão as práticas que têm lugar no
interior de escolas, creches e pré-escolas, sobretudo se relacionadas às
vivências e aos repertórios culturais de alunos e professores. As cenas
reproduzidas abaixo permitem-nos entrever um tanto daquelas práticas que,
provocando nossa imaginação, desafiam-nos à continuidade da reflexão.
Cena 1: Crianças de uma
creche, com idades entre três e quatro anos, reúnem-se em grupinho e cantam
“baba baby, baby baba...”, coreografando a música.[2]
Cena 2: Em outra instituição de Educação Infantil, no horário a que chamam de “hora do parque”,
algumas meninas, numa rodinha, ouvem e dançam uma música que tem um estribilho
mais ou menos assim “... Aserehe ra de re / Dehebe tu
de hebere seibiunouba mahabi... “. Com idades entre cinco e seis anos, as
meninas tentavam ou ensaiavam uma coreografia, sendo que algumas meninas
ensinavam outras, dizendo “não é assim, olha, é assim...”, movimentando cabeça,
braços e pernas. Pergunto: que música é essa? É do Rouge! Respondem, em
uníssono.[3]
Cena 3: Professoras de Educação Infantil levam para a sala “musiquinhas” da Xuxa
(“dois patinhos foram passear...”, conhecem?). Igualmente ensinam os gestos
recomendados pela “rainha dos baixinhos” (registrados em vídeo, devidamente
produzido e comercializado).
Estas pequenas cenas fazem-me lembrar de minhas cantigas de roda, em meus
tempos de criança. Eram outros tempos, claro, mas para além de saudosismos, me
intriga o fato de que as cantigas e as brincadeiras tradicionais, as rodas, as
rimas, percam lugar para esses produtos, elaborados pelos profissionais da
indústria do disco. Pois, que músicas são essas, compartilhadas por crianças e
adultos, no cotidiano da Educação Infantil? São, inegavelmente, músicas da
moda, sucessos recentes. E o que é a moda, senão o consumo provocado,
direcionado pelo mercado? De outro modo, a presença de um repertório que
contempla músicas do Rouge, Kelly Key e Xuxa estaria a nos indicar um gosto
representativo dos grupos sociais que freqüentam creches e pré-escolas
públicas? O que pode nos dizer esse gosto?
Se eu observasse as cenas apenas pela ótica do gosto e acrescentasse que
gosto não se discute, fazendo valer o ditado popular, minha questão estaria
encerrada, não restaria um só questionamento, uma única ressalva a fazer. Tal
análise seria por demais simplista, reducionista mesmo, levando-me a uma
atitude embalada pelo relativismo: eu ficaria aqui no meu lugar, com a minha
música preferida e os outros ficariam lá, com suas músicas preferidas. Mas, é
preciso perguntar, o que faz cada um de nós preferir este ou aquele tipo de
música?
Olho estas cenas de um determinado lugar, mas não de um lugar separado,
exclusivo, incomunicável com outros lugares. O lugar de onde falo (e me
espanto) é atravessado pela dinâmica de uma sociedade em que, a despeito de ser
herdeira dos ideais de liberdade, igualdade, fraternidade, as diferenças
(racial, étnica, econômica, de gênero, etc.) são evidentes e constituem matéria
do dia-a-dia, onde o mesmo e o outro se confrontam e se constroem. Assim, no
espelho da antropologia, olho o outro e me vejo; vejo o que o outro é e vejo o
que eu sou – caminho para o auto-conhecimento. Neste caminho, no encontro com o
outro, o diferente, há tensão, confronto, conflito. Mas é a diferença que me
permite fazer perguntas e, entre diferenças e igualdades, buscar criar um
espaço para o diálogo acontecer, construindo uma prática intercultural.
Então, não se trata de condenar o gosto do outro, não, nem de considerar
que a boa música é só a que eu ouço, numa espécie de elitismo. É considerar que
o gosto não é natural, que estamos falando de uma sociedade capitalista, uma
sociedade massificada, que produz cultura de massa!
A massificação de “produtos culturais” é um dado inegável desta
sociedade, em que os produtos colocados à venda seguem o “gosto do mercado”,
mais que o “gosto popular”. Na verdade o povo, transformado em massa, é também
o mercado onde serão divulgados e vendidos esses artigos, como por exemplo, os
produtos da indústria do disco. E aqui há uma distinção interessante a fazer:
as músicas, neste contexto, deixam de ser obras para transformarem-se em
produtos. A obra, dizia um amigo meu, citando Lefebvre, vem da arte e o produto
vem da indústria. Aquela, elaborada pelo artista, tem marca pessoal; esse,
elaborado pelos profissionais da indústria, tem as marcas do gosto do mercado
(quer dizer, do lucro!). Seguindo os ventos da moda, os produtos chegam e vão,
passam, ao sabor do mercado, descartáveis. As obras ficam, inscrevem marcas que
permanecem no tempo, resistentes a qualquer modismo.
Vivemos um tempo em que a música, como produto cultural, vai deixando de
“... reger-se pelas leis da criação artística, para reger-se apenas pelas leis
do mercado, [e] acabará por eliminar a figura do próprio artista-criador”,
sentencia José Ramos Tinhorão (2001, p.155). O mesmo pesquisador, ao se
perguntar por que, desde o aparecimento da chamada indústria de massa, tantas
pessoas gostam e consomem gêneros visivelmente fabricados, repetitivos, dentro
de um universo de enorme variedade musical, responde que “a explicação é
simples”:
...
como a criação de música se transformou em uma atividade industrial e
comercial, é preciso atingir faixas cada vez mais amplas da sociedade, para que
os produtos disco, CD, fita ou tape de televisão se tornem economicamente
rentáveis para quem os produz. (...) a indústria procura refletir não a verdade
de cada uma dessas camadas, mas produzir – através da diluição da informação
cultural – uma média capaz de ser apreciada e compreendida por uma maioria de
pessoas englobada genericamente sob o nome de massa. Isso é promovido através
da comercialização do talento de criadores e instrumentistas ligados à
indústria do disco, que são levados a fabricar músicas segundo fórmulas obtidas
a partir de sons de sucesso já comprovado (...). (Tinhorão, 2001, p.
159)
Respeitar o gosto do outro é uma aprendizagem, necessária e difícil...
Pois não é que vivemos em uma sociedade preconceituosa, que estigmatiza e
marginaliza, nega as diferenças, ao mesmo tempo em que nega o pão e a poesia à
multidão? O estudo da antropologia ajuda-nos à aprendizagem, esclarece, coloca
a nu a condição humana da diversidade, da multiculturalidade, assim como as
práticas históricas do colonialismo. Vendo-me diante do espelho, encontro o
outro e a mim mesma - ensaios de alteridade, apreendendo o diverso para
compreende-lo em relação - interculturalidade.
Então esse tema me remexe, me atiça, me pega mais ainda: parece que, por
ser do outro e para combater uma prática auto-centrada, “colonialista”,
elitista ou discriminadora, aquele gosto não pode ser discutido. “É do outro, é
intocável, indiscutível!” Essa idéia me embaralha, por um momento quase me
desmobiliza. Ora, não existe música ruim, pobre, apelativa, desqualificada?
Como já fiz referências anteriormente, é por demais simplista considerar as
preferências musicais apenas uma questão de gosto.
A propósito, há um filme com o título “O gosto dos outros” (França,
1999), que esteve em cartaz no Brasil no primeiro semestre de 2002. Bela
entrada para pensar a trama: eu, nós, os outros, os gostos; para perceber que o
gosto pode mudar, de acordo com as interações a que um sujeito vier a ser
exposto, pressupondo trocas, diálogo, sensibilidade e afeto. Envolto em beleza
e enigmas, o filme ajuda-nos a refletir sobre o universo das “preferências” e
das “experiências estéticas” que vivem e se permitem viver diferentes sujeitos,
homens e mulheres. Entre os vários aspectos sempre possíveis de serem captados,
o enredo evidencia que aprendemos pela cultura, pela realidade vivida e
experimentada.
O antigo adágio, de que gosto não se discute pode até ser verdadeiro, mas
não deve esconder o fato de que o gosto é suscetível de desenvolvimento. Isso é
também uma experiência comum, que todos podemos comprovar em campos mais
modestos. Para as pessoas que não estão habituadas a tomar chá, uma mistura
pode ter exatamente o mesmo sabor da outra. Mas se dispuserem de tempo, vontade
e oportunidade para explorar quantos refinamentos podem existir, é possível que
se convertam em autênticos connoisseurs, capazes de distinguir o tipo e
a mistura preferíveis, e seu maior conhecimento certamente aumentará o prazer
propiciado pelas misturas mais requintadas.(Gombrich, 1999, p.36)
Oportunidade para experimentar (no caso da música, ouvir)! Eis um aspecto
fundamental para o debate, proposto pelo historiador e que nos leva a
perguntar: dentre os gêneros musicais disponíveis, o que está a venda no
mercado? O que toca nas rádios? O que aparece na televisão? O que, senão o
cardápio musical imposto pela indústria fonográfica, que lança no mercado “...
as mais variadas expressões da música de dança, desde que reguladas por certos
padrões de homogeneização, cicladas e recicladas segundo o ritmo da moda”[4],
capazes de agradar ao paladar do grande público?
Se ninguém pode gostar do que não conhece, o maestro Júlio Medaglia, em
entrevista “explosiva” à revista Caros Amigos, reafirma esta idéia corrente,
dizendo da sensibilidade dos brasileiros, da sua capacidade de identificar o
que é bom. Diz mais o maestro, quando testemunha:
Fiz concertos em favelas, foram os concertos mais lindos da minha vida,
assim como os concertos do projeto Aquarius, no Rio, feitos ao lado da
Mangueira. Você baixa o braço para reger a sinfônica, é um silêncio que parece
um templo. Tem 150 mil pessoas atrás. (....) Se você municia os ouvidos do
grande Brasil com coisa de qualidade, ele sabe identificar onde está o caviar
sonoro. (Medaglia,
2002, p.36)
Creio que falar em gosto, sem cair no relativismo, é questionar as reais
oportunidades de escolhas, dentre as inúmeras criações que compõem o patrimônio
cultural da humanidade, pois, se é verdade que
(...) quando uma pessoa diz que gosta de um tipo de música e não de
outro, está simplesmente indicando a faixa de cultura a que se liga, na quase
totalidade dos casos por força de sua posição na hierarquia social. [e de que,
portanto] (...) todas as tendências são válidas, pois correspondem, com suas
diferenças de nível de informação e de acabamento, às diferenças
sócio-econômicas que dividem as pessoas no sistema de sociedade de classes
baseada na hierarquização da divisão do trabalho (Tinhorão, 2001, p. 158),
também é
verdade que esse gosto pode ampliar-se, na experimentação e no diálogo com
outras sonoridades, outras composições, uma vez disponibilizados cardápios que
incluam diversos gêneros musicais. É impossível não considerarmos a exclusão
dos bens sociais e culturais que esta sociedade globalizada promove, e soaria
quase elementar afirmar que o gosto, como referência de classe, não é natural,
é social.
No universo plural, mais intrigas: produção e consumo da indústria cultural
Com Alfredo Bosi (1993) aprendemos da impossibilidade de falarmos em cultura
brasileira: há que passar do singular para o plural e dizer das culturas, já
que não existe uma unidade capaz de aglutinar “todas as manifestações materiais
e espirituais do povo brasileiro”. Dele tomamos indicações para pensarmos as
culturas brasileiras e, dentre elas, essa cultura de massa, produzida no âmbito
de uma sociedade capitalista de feições internacionais, onde impera o tempo
social da fabricação frenética e ininterrupta de signos com vistas ao consumo
total.
A lei do maior número, no prazo mais breve e com o lucro mais alto
determina o valor e o sabor do signo-produto. O mesmo tento aciona uma bateria
de estímulos psicossociais, isca e chamariz para o usuário. As paixões
exploráveis são as de sempre, amor e medo, que se estreitam e intumescem em
sexo e terror, ou, se o efeito programado for leve, diluem-se em malícia e
sentimentalismo. (Bosi, 2002:09).
Como não identificar nas canções dos
sertanejos Chitãozinho & Xororó, Zezé di Camargo & Luciano (e de seus
rebentos Vanessa Camargo, Sandy & Junior), de grupos diversos como o Tcham
e de alguns “pagodeiros” essa receita, esses estímulos, esses conteúdos, esse
produto facilmente disponível ao consumidor/usuário? Como não perceber a
utilização apelativa e descarada daquelas paixões, em um grupo que faz concurso
pela tv para escolher sua loira e, quando faz um show, apresenta/mostra mais as
bundas das loiras (ou da loira e da morena), do que a própria voz, a música?
Parece-me que vivemos um tempo em que vale mais a aparência, o cenário, a
coreografia sugerida, do que propriamente a música, transformada quase em um
detalhe.
Para conferir, podemos voltar às cenas anteriormente retratadas,
envolvendo crianças em instituições de educação infantil: não era justamente a
coreografia, o jeito de dançar, que aquelas meninas estavam seguindo? A música
não era essencialmente para ouvir ou cantar, era para dançar! Mais que tudo:
dançar de um determinado modo, o que provocou ressalvas entre as protagonistas,
com a expressão “não é assim!”.
Certamente não poderíamos deixar de ver a beleza da interação entre
pares, nesta específica cena, onde as meninas constroem e partilham
conhecimentos e afetos. Todavia, não sejamos ingênuos ou simplistas: para além
daquela beleza, há muito mais. Não há apenas e inocentemente uma-música-levando-a-uma-dança-que-provoca-interações,
mas uma proposta de consumo sendo assimilada e um “jeito de ser no mundo” sendo
transmitido e incorporado.
Da mesma forma, também não poderíamos desconsiderar o fato de que, sem
sombra de dúvida, as crianças levaram para a creche aquelas músicas depois de
serem expostas exaustivamente a elas, como produtos que são a “última
novidade”.
Ao colocar nestes termos a discussão, não estou querendo interditar o
desejo e invalidar as vivências das crianças, mas assinalar a necessidade de
compreende-los no contexto e não apartado da sociedade em que vivemos. É
preciso chamar a atenção para o caráter descartável daquelas músicas, próprio
de um signo-produto para ser consumido e substituído por outro, tão logo satisfaça
o mercado que, como assinalou Bosi (2002), o regime industrial avançado, a
indústria cultural tem urgência em substituir. Cabem aqui, mais uma vez, as
palavras explosivas do maestro:
... a gente fica bestificado de ver quanta coisa diferente e bela o mundo
produz. Só que essa gigantesca diversidade de produção cultural não penetra na
indústria cultural. Essa indústria é de mão única e gosta de simplificar alguns
poucos modelitos, para produzir depressa, conquistar mercado e descartar logo
para fazer outro produto semelhante na
mesma velocidade.
(Medaglia, 2002, p.37)
Também Rodrigues (1998) nos fala da “proliferação quase cancerosa” de
símbolos, provocando uma banalização da cultura e a produção de “lixo
cultural”:
Assim é tendencialmente a cultura das sociedades superavitárias:
proliferada, enormemente multiplicada, gigantesca, abstrata, fora de escala do
humano; ao mesmo tempo, banal, comum, vulgar, desvalorizada, profana,
desprezível, descartável ao sabor das modas, de acordo com as preferências
pessoais e com a obsolescência programada. Montanhas e montanhas de lixo
cultural!.
(Rodrigues, 1998:47)
Ao falar de “sociedades
superavitárias” o autor está se referindo a diferentes modelos de sociedades e,
na seqüência de sua análise, afirma que, em situação de dominação e dependência
de outras sociedades do capitalismo central, as “sociedades deficitárias”
acabam por absorver restos, as sobras, o lixo daquelas.
Isto se dá porque o humano, por excelência, é um ser que vive de (qualquer)
simbolismo. Esta absorção de refugos pode ser verificada desde as bibliografias
universitárias dos países do terceiro mundo, por exemplo, quase todas
estrangeiras, até nos filmes a que assistimos em cinema ou televisão, quase
tudo enlatado vindo de fora, nas modas e mesmo na alimentação. (Rodrigues, 1998:48)
Creio que a mesma direção pode ser seguida ao refletirmos sobre o que se
passa no interior de uma sociedade plural, como a nossa: as parcelas mais
pobres da população vão beber do lixo produzido pelas parcelas
“superavitárias”. Dentro desta ordem, a banalização e a vulgaridade de muitos
produtos musicais não passa, como poderíamos pensar, apenas pela mensagem
explícita em suas letras. Basta ouvirmos os acordes, pobres, repetitivos,
iguais, os mesmos, na mesma fórmula: ou sertanejo, pagode, axé. Eu não sou uma
conhecedora de música, do tipo que lê partituras. Meu ouvido é que me diz! E
hoje é essa coisa de muito, a cada momento um novo cantor que é, sobretudo um
rosto, mais que uma voz e se completa com o repertório: muito do mesmo. A
produção que vem deste universo de “artistas profissionais do disco” segue na
direção do “sempre novo embora não o sempre original, dadas as
limitações fatais do produtor) (...) que não hesita, porém em valer-se de velhos
clichês ou de periódicos revivals (...).” (Bosi, 2002:09. Grifado no
original).
Ao falar de indústria cultural, massificação, consumo, imposição de
padrões musicais, poderia parecer que estou desconsiderando o sujeito e seu
poder de crítica e insubmissão. Poderia parecer, mas não, não esqueci um só
momento do caráter ativo e criativo dos sujeitos culturais que somos. Quanto a
isso, Alfredo Bosi já nos advertia:
Da corrente de representações e estímulos o sujeito só guardará o que a
sua própria cultura vivida lhe permitir filtrar e avaliar. Mas para que se
façam a seleção e a crítica das mensagens, é preciso que o espírito do
consumidor conheça outros ritmos que não o da indústria de signos. (Bosi, 2002:10)
É perfeita, clara e límpida a colocação do autor. Mas, onde e como o
sujeito conhecerá esses outros ritmos?
Tudo me leva para a arena do político e, no limite, poderia dizer que
sem mudar a estrutura fica difícil mudar o ritmo. Não há reprodução nem
dominação absoluta, todos sabemos, nem sob regimes totalitários, mas há muita
interdição e negação, assim como há brechas para a resistência, nas frestas da
“vida vivida”.
Agora, voltando ao ponto sobre o gosto musical, um sujeito que não tem
consciência de sua exploração, ou não se dá conta da violência a que é
submetido numa sociedade de massa, pode ser considerado livre para fazer
escolhas, entre isso ou aquilo? Realmente pode haver escolhas diante da
violência da vida material a que é submetido? A condição de subalterno
rouba-lhe muito da possibilidade de pensar sua condição e de altera-la. Roubar
muito não quer dizer roubar tudo.... Se a ideologia que amalgama a sociedade
capitalista transforma cada um no mesmo, na massa, sem identidade e disforme,
também produz a contradição: não estamos inteiramente subjugados, submetidos,
pura e simplesmente.
É quando tomamos a cultura “como o sentir, o pensar e o agir do homem em
coletividade”[5]
(e não apenas como universo simbólico, de costumes, usos, tradições), como
mediação, acontecendo na relação entre as pessoas, no cotidiano, na vivência de
um universo de troca entre diferenças (que pressupõe confrontos e conflitos),
que vislumbramos possibilidades de reelaboração e recomposição das práticas e
dos conteúdos culturais, na direção de novos processos identitários e de
construção do sentimento de pertencimento. Juntam-se, aqui, lições da
antropologia que, ao longo deste ensaio, ajudaram-me a enunciar problemas e questões,
através do entrelaçamento de saberes vários. Para finalizar, volto-me para os
limiares da educação infantil tentando, da mesma forma, trançar saberes,
questionamentos, críticas.
As crianças gostam! E o professor, não discute?
Se produtos como Xuxa, Rouge, Tcham estão na escola, creche ou
pré-escola, é porque as crianças gostam... E, se gostam, como discutir,
criticar, propor outra coisa, diferente? Ora, como vimos discutindo, onde o
gosto é formado?
Há certa confusão, para não dizer equívoco, no encaminhamento das
premissas que têm direcionado a prática pedagógica, sobretudo as que se referem
ao interesse e à realidade das crianças, sua cultura, suas linguagens. Há que
respeita-los, dizem os documentos (e muitas vezes reproduzem os professores)!
No caso da música, o que seria, propriamente, “interesse e realidade” das
crianças? Seu gosto e predileções? Mas, como identificá-los e por que, em
regra, esse gosto recai no repertório dos produtos fabricados em massa?
Para continuar, é preciso assinalar que não existe a criança (nem o
gosto) universal: são grupos diversos de crianças, meninos e meninas, de tal ou
qual idade, procedente desta ou daquela região, pertencente a este ou àquele
grupo familiar que freqüentam aquelas instituições. São diferentes histórias
que se encontram e, é de se supor, diferentes preferências, gostos diversos.
Por que as instituições educativas ainda insistem em negar estas histórias e,
ao mesmo tempo, aceitar como único e universal o repertório, aqui musical,
advindo da indústria do disco, acatando a última moda, o sucesso recente? É
que, no jogo de “qual é a música?”, está envolvido não apenas o universo
cultural das crianças, com seus gostos e desgostos, mas o dos adultos
igualmente. Neste caso, aquelas músicas não seriam também do gosto do
professor? Por que ele oferece às
crianças os “dois patinhos” da Xuxa? Será que os professores “não se importam”
com o tipo de música cantada pelas crianças ou consideram “natural” que assim o
seja? Afinal, argumento maior, as crianças trazem a sua realidade para a
instituição educativa.
É verdade, as crianças trazem suas experiências, vivências, conhecimentos
construídos na relação que estabelecem com o seu contexto, com o mundo a sua
frente, ao seu redor. Mas é igualmente certo que, em regra, os saberes e
vivências que identificam e particularizam cada uma, não são acolhidos.
Entretanto, quando as experiências incluem músicas do Rouge, da Kely Key, como
nos exemplos apresentados, aparentemente as professoras estão respeitando as crianças,
permitindo que ouçam e cantem aqueles ritmos...
Se tomarmos por referência um processo educativo em que o direito a
infância e à educação infantil de qualidade estejam pautados como base e
horizonte de toda ação pedagógica, diremos que respeitar é acima de tudo
comprometer-se com as crianças, por inteiro. Significa, portanto, saber ouvir o
outro, num exercício de interlocução, buscando a compreensão do que está sendo
dito em gestos, palavras, atitudes para então colocar em relação os
significados emergentes, permitindo a reconstrução de sentidos. E isto só
poderá ser feito abrindo-se portas e janelas para o mundão que nos rodeia e que
é múltiplo, em cores, sons, formas, movimentos, ritmos e não apenas
enredando-se no ponto de partida, a realidade circundante da criança. “Mundo,
mundo, vasto mundo...” !
Como as portas e janelas, no espaço-tempo da educação infantil, poderão
se abrir, rumo aos mistérios do mundo, aos gostos desconhecidos? A mão na
trava, para abrir ou fechar, é do professor, sem dúvida. A possibilidade de um
cotidiano prazeroso, criativo, colorido, musical, dançante, repleto de
movimento, aventura e trocas dependerá, em muito, das possibilidades do adulto,
da relação que estabelece com as diferentes linguagens, do seu repertório
cultural. Aos professores, o que lhes encanta? O que lhes mobiliza os sentidos?
Que linguagens vivem, fazem, experimentam? No contexto de tantas indagações
delineia-se uma proposta de formação cultural, mais ampla que os fundamentos já
conquistados como base comum para a prática educativa em creches e pré-escolas.
É necessário uma formação que contemple experiências estéticas capazes de
revolverem o ser da poesia, presente e esquecido no professor - adulto roubado
em suas linguagens, ao longo da vida. Pensar o gosto e repertório das crianças
é problematizar o gosto e repertório dos adultos.
Há muito está posto o desafio de se construir práticas educativas
interculturais[6],
que nos conduzam para além do simples reconhecimento das diferenças, ou da
realidade. Práticas educativas em que a repetição e a reprodução - seja dos
conteúdos escolarizados, seja dos modelos massificados da sociedade de consumo
- dêem lugar ao entendimento e à descoberta, construídos através do diálogo, da
comunicação e do questionamento de saberes e fazeres, de cada um e de todos, já
estão no nosso horizonte.
Por isso, não se trata de negar a entrada, na instituição educativa, de
qualquer tipo de música trazida pelas crianças, porque seria como negar a
história destas crianças. Porém, não é também seguir a moda, as determinações
do mercado de bens simbólicos. É, no mínimo, questionar tudo que aí chega e
questionar não significa proceder a uma análise, de uma forma racional,
explicativa, didática, demonstrando por “a mais b” como se dá a dominação e a
alienação. É possibilitar a coexistência dos mais variados tipos de música, de
modo a provocar o encontro e o debate de significados e sentidos – do
estranhamento às entranhas do novo.
Essencial, para além da negação ou imposição de padrões, é possibilitar a
ampliação do repertório cultural. É tarefa da escola, da creche e da
pré-escola, sim, colocar à disposição e ao conhecimento de todos os meninos e
meninas, adolescentes, jovens, homens e mulheres que nela convivem e são
educados, o melhor dentre tudo o que já foi produzido e criado pela
humanidade. Nas palavras de Bosi (1993):
A escola fundamental (...) deveria ser, em um regime plenamente
democrático, uma via de acesso sempre renovada, à Natureza, uma introdução
larga ao conhecimento do Homem e da Sociedade, uma ocasião constante de
desenvolvimento da própria linguagem, como expressão subjetiva e comunicação
intersubjetiva; enfim, um despertar para o que de mais humano e belo tem
produzido a imaginação plástica, musical, poética no Brasil ou fora do
Brasil. Este ideal, que forma o ser consciente das conquistas do gênero humano,
não pode ser barateado nem trocado por esquemas inertes ou migalhas de uma
informação científica ou histórica. (Bosi, 1993, p. 340. Sem grifos no original)
A direção seria: negar a fórmula “ou isso, ou aquilo” e provocar o
diálogo entre isso e aquilo. Como realizar o diálogo se qualquer um dos termos
estiver ausente? A educação intercultural pressupõe troca, partilha de saberes,
apostando na diversificação dos processos de ensino-aprendizagem, uma vez que
nos espaços educativos circulam saberes, valores, hábitos e formas de agir
diversos; diferentes representações e interpretações da realidade. A
perspectiva intercultural provoca-nos à criação de uma dinâmica de comunicação
que, no nosso fazer educativo, leve em conta todos esses aspectos, assim como
contribua com a recuperação da nossa “capacidade de espanto!”[7].
A imagem do espanto é bem apropriada para a finalização deste ensaio: é
preciso que nos espantemos com o poder da industrial cultural de massa, com os
produtos colocados no mercado para consumo; é preciso que nos espantemos com
nossas referências auto-centradas; é preciso que nos espantemos com esta ordem
instituída. Mais que tudo, é fundamental que nos rebelemos, no inconformismo,
contra toda sorte de mecanismos que insistem em retirar do humano sua capacidade
de criação, no limite, sua vida.
Na trilha do espanto e do inconformismo, dos repertórios e gostos
musicais, uma certeza: se a Educação Infantil (inclua-se, também, a formação de
seus professores) ficar limitada ao já conhecido, se apenas der espaço para “o
gosto do mercado” sem questioná-lo, se negar os repertórios trazidos pelas
crianças, se não promover a abertura de novos canais de fruição e expressão
para adultos e crianças, tudo permanecerá no mesmo lugar. Reivindiquemos, pois,
todo o poder à imaginação!
Referências
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4ed.(p. 114-123).
[1]
Trata-se de “Antropologia e educação: interfaces do ensino e da pesquisa”,
ministrada pela Profa. Dra. Neusa Gusmão, no Programa de
Pós-Graduação/FE/UNICAMP.
[2]
Fiquei sabendo que tal música é de uma cantora brasileira, chamada Kelly Key,
sucesso do ano passado.
[3]
Segundo me informaram, o Rouge é um grupo vocal formado por garotas,
selecionadas no programa da rede de televisão SBT: “Pop star”. Fui à Coreto
Musical, uma ótima loja de cd em Barão Geraldo e encontrei o cd do grupo.
Conversei com a vendedora: gostaria de saber se estava no cd (e qual era) a
música que as meninas da creche dançavam. Logo ela me indicou: deve ser
“ragatanga”, todas adoram! Ouvi a música e pude conferir o estribilho que
reproduzi acima. Perguntei pela Kelly Key: a loja havia vendido todos os seus
cd’s!
[4]
Cf. Wisnik, José Miguel. Algumas questões de música e política no Brasil. In:
BOSI, Alfredo (org.). Cultura brasileira: temas e situações.São Paulo:Ática,
2002. (4a ed.) p. 116.
[5]
Cf. GUSMÃO, Neusa. Antropologia e educação: origens de um diálogo. Cadernos
Cedes, 43, 1997 (p.13)
[6]
A proposta de uma “educação intercultural” foi discutida por RicardoVieira,
1995 e 1999.
[7]
Cf. Boaventura de Sousa Santos, 1996 e 1997.
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