03 agosto 2014

REPORTAGEM ESPECIAL: Criança pode falar “elado”?

Criança pode falar “elado”?


É uma graça ver os pequenos trocando letras e inventando palavras. Até uma fase da vida, essa maneira de se comunicar não é um problema. Mas, como profissional que trabalha com a Primeira Infância, vale você saber mais sobre o tema para ajudar pais e crianças a entenderem os limites dessas distorções.
Segundo especialistas, as crianças passam por um aprendizado intenso dos sons da língua na maior parte da primeira infância (até os quatro anos de idade). É justamente nessa fase que podem acontecer muitas alterações na fala, porque é o primeiro contato da criança com as palavras.  Até os quatro anos, não é preciso preocupar-se. Mas, depois disso, se as distorções persistirem, um especialista deve ser consultado.

Dentre os desvios mais comuns da fala estão:

• fala indecifrável – aquela que ninguém entende o que a criança diz, apenas os familiares mais próximos.
• substituições persistentes de natureza auditiva – no lugar de a criança dizer garfo, ela diz ‘carfo’; ‘fagão’ no lugar de vagão.
• omissões articulatórias – ‘sovete’, ‘cotina’ no lugar de sorvete e cortina, por exemplo.
• Trocas de R por L – é o que o personagem Cebolinha, de Mauricio de Souza, reproduz nas histórias em quadrinhos.

Depois dos quatro anos, a persistência desses desvios não está mais relacionada à aprendizagem e adaptação com a língua, indicando um problema de fala.
O chamado desvio articulatório, ou língua presa, também merece cuidados e há tratamentos para saná-lo.
Mas, é possível prevenir futuros problemas de fala com alguns exercícios: escute o que a criança fala e repita, da maneira correta, para que ela ouça e fale novamente. Faça isso várias vezes para ampliar a assimilação da pronúncia correta pela criança.  Também é bacana desafiá-la, em uma brincadeira, dizendo palavras de seu cotidiano, para que ela repita. Mas, evite palavras no diminutivo, que para essa fase do desenvolvimento são muito complexas.
Todo esse cuidado é justamente para preparar o pequeno para o processo de alfabetização, a partir dos cinco anos de idade. Se ele tiver problemas de fala, estes provavelmente serão reproduzidos na escrita, levando-o à dificuldade de elaborar um texto, compreender e interpretar a leitura.
Outro alerta, que pode ajudar você a detectar se a criança sob os seus cuidados apresenta algum problema de fala, pode ser o comportamento que ela apresenta. Meninos e meninas de seis anos, por exemplo, estão na fase de falar tudo. Se permanecem extremamente calados ou, quando raramente se expressam, falam errado, é hora de conversar com os pais para que procurem um fonoaudiólogo. O que pode parecer timidez talvez esteja, na verdade, relacionado a uma distorção da fala.
É muito importante que, ao detectar qualquer problema, o especialista entre em ação, porque, quando já adultos, o tratamento fonoaudiólogo não é tão eficaz e pode levar muito tempo até alcançar progressos.
Para ajudar você a acompanhar a evolução da fala na Primeira Infância, veja esta tabela que mostra um panorama geral das etapas:
Quatro anos – aquisição dos fonemas: (sons) P(papai), T(tatu), K(caiu), D(dado), G(gato), M(miau), N(não), NH (ninho), V(vovó), CH (chão), LH (palha), S(saiu) J, G (joia, gelo, Gil).
Entre quatro e cinco anos – aquisição dos fonemas: (sons) R(rato), r(carro).
Entre cinco e seis anos – aquisição dos fonemas: (sons) r, l, s, n no final (pasta, papel, porta, canto).

Dica de leitura: Enciclopédia da Criança :)

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