É uma graça ver os pequenos trocando letras e inventando palavras. Até
uma fase da vida, essa maneira de se comunicar não é um problema. Mas, como
profissional que trabalha com a Primeira Infância, vale você saber mais sobre o
tema para ajudar pais e crianças a entenderem os limites dessas
distorções.
Segundo especialistas, as crianças passam por um aprendizado intenso dos sons
da língua na maior parte da primeira infância (até os quatro anos de idade). É
justamente nessa fase que podem acontecer muitas alterações na fala, porque é o
primeiro contato da criança com as palavras. Até os quatro anos, não é preciso
preocupar-se. Mas, depois disso, se as distorções persistirem, um
especialista deve ser consultado.
Dentre os desvios mais comuns da fala estão:
• fala indecifrável – aquela que ninguém entende o que a criança diz, apenas os familiares mais próximos.
• substituições persistentes de natureza auditiva – no lugar de a criança dizer garfo, ela diz ‘carfo’; ‘fagão’ no lugar de vagão.
• omissões articulatórias – ‘sovete’, ‘cotina’ no lugar de sorvete e cortina, por exemplo.
• Trocas de R por L – é o que o personagem Cebolinha, de Mauricio de Souza, reproduz nas histórias em quadrinhos.
Depois dos quatro anos, a persistência desses desvios não está mais
relacionada à aprendizagem e adaptação com a língua, indicando um problema de
fala.
O chamado desvio articulatório, ou língua presa, também merece cuidados e há
tratamentos para saná-lo.
Mas, é possível prevenir futuros problemas de fala com alguns
exercícios: escute o que a criança fala e repita, da maneira correta,
para que ela ouça e fale novamente. Faça isso várias vezes para ampliar a
assimilação da pronúncia correta pela criança. Também é bacana desafiá-la, em
uma brincadeira, dizendo palavras de seu cotidiano, para que ela repita. Mas,
evite palavras no diminutivo, que para essa fase do desenvolvimento são muito
complexas.
Todo esse cuidado é justamente para preparar o pequeno para o
processo de alfabetização, a partir dos cinco anos de idade. Se ele
tiver problemas de fala, estes provavelmente serão reproduzidos na escrita,
levando-o à dificuldade de elaborar um texto, compreender e interpretar a
leitura.
Outro alerta, que pode ajudar você a detectar se a criança sob os seus
cuidados apresenta algum problema de fala, pode ser o comportamento que ela
apresenta. Meninos e meninas de seis anos, por exemplo, estão na fase de falar
tudo. Se permanecem extremamente calados ou, quando raramente se expressam,
falam errado, é hora de conversar com os pais para que procurem um
fonoaudiólogo. O que pode parecer timidez talvez esteja, na verdade, relacionado
a uma distorção da fala.
É muito importante que, ao detectar qualquer problema, o especialista entre
em ação, porque, quando já adultos, o tratamento fonoaudiólogo não é tão eficaz
e pode levar muito tempo até alcançar progressos.
Para ajudar você a acompanhar a evolução da fala na Primeira Infância, veja esta tabela que mostra um panorama geral das etapas:
Para ajudar você a acompanhar a evolução da fala na Primeira Infância, veja esta tabela que mostra um panorama geral das etapas:
Quatro anos – aquisição dos fonemas: (sons) P(papai), T(tatu), K(caiu), D(dado), G(gato), M(miau), N(não), NH (ninho), V(vovó), CH (chão), LH (palha), S(saiu) J, G (joia, gelo, Gil).
Entre quatro e cinco anos – aquisição dos fonemas: (sons) R(rato), r(carro).
Entre cinco e seis anos – aquisição dos fonemas: (sons) r, l, s, n no final (pasta, papel, porta, canto).
Dica de leitura: Enciclopédia da Criança :)
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